Institucional

20.05.2025
MAIO, MÊS DE MARIA: HISTÓRIA E ESPIRITUALIDADE
O mês de maio, primavera nos países do hemisfério norte, é o mês da abundância, do reflorescimento da natureza e, em tempos remotos, celebrava-se este período com festas, danças e cortejos de jovens com ramos floridos. O cristianismo viu em Maria a representação desse florescimento, da renovação da esperança e, em honra à Virgem os cristãos passaram a homenageá-la pedindo sua intercessão para que fosse um mês de bênçãos abundantes não só materiais, mas espirituais.
O mês de maio mariano é recente, contudo, suas bases antropológicas remontam à Idade Média com a busca por um modelo de mãe que oferecesse conforto e segurança, a mulher forte que intercedesse junto ao Filho por aqueles que a solicitavam. No século XIII, o rei de Castela e León, Afonso X (†1284), foi o primeiro que associou o mês de Maio a Maria. Ele compôs As Cantigas de Santa Maria em que diz: “Rosas das rosas, flor das flores, / mulher entre as mulheres, única senhora, / tu és luz dos santos e caminho dos céus” (in: Fiores; Meo, 1995, p. 730).
O Beato Henrique Suso (†1336), dominicano, compôs “saudações” à Virgem, dedicando-lhe a primavera. Em Munique, o Maio espiritual foi um esboço do mês mariano, publicado pelo beneditino Wolfang Seidl (†1562). Em Roma São Filipe Neri (†1596) incentivou os jovens a ornar as imagens de Maria com flores, a cantar louvores à Mãe de Deus e praticar atos de virtudes, a exemplo da Virgem.
O estabelecimento do mês de maio como um mês mariano aconteceu em fins do século XVII, acompanhando o movimento mariano moderno cujas características de devoção à Maria foram fortalecidas e impulsionadas, principalmente, pela Contra-Reforma da Igreja Católica na segunda metade do séc. XVI, diante da expansão do protestantismo.
O jesuíta Antônio Dionísio contribuiu, expressivamente, para a espiritualidade do maio mariano com a sua publicação Mês de Maria, em Verona, no ano de 1725. Neste livro o sacerdote divulgava uma prática que já estava em uso nos colégios jesuítas e nas congregações marianas que era a de orientar a vida cristã sob o olhar e os cuidados de Maria. Propunha que as práticas religiosas fossem feitas, diariamente em casa, diante de um altarzinho de Maria, enfeitado com flores. No final do mês de maio o encerramento era realizado com o oferecimento do próprio coração a Maria.
A partir do ano de 1800 o mês de maio mariano é afirmado na Europa e na América e, aos poucos, se difunde nos países de missão tendo, a veneração a Maria, ganhado mais impulso com a proclamação do dogma da Imaculada Conceição, em 1854. O Magistério da Igreja sempre se interessou pelo mês de maio e, é recomendada, em vários documentos, a vivência mariana mais aprofundada neste período. Esta devoção, no entanto, deve ser um caminho para que os fiéis se aproximem de Jesus Cristo, através das virtudes de Sua Mãe. Não se pode, jamais, falar de Maria separada da figura de seu Filho.
Neste sentido, a devoção mariana deve ser equilibrada, “o maio mariano deve procurar ver Maria em relação com a história da salvação, isto é, com a celebração do mistério pascal de Cristo e do inaugural da Igreja” (Rossi, in: Fiores; Meo, 1995, p. 982). Para que a piedade mariana seja uma genuína manifestação da fé cristã é necessário que sejam oferecidas, pastoralmente, oportunidades nas comunidades eclesiais para um culto mariano extralitúrgico, principalmente no mês de maio, adaptado às situações concretas, mas, que não sejam alternativas excludentes da liturgia oficial.
O auxílio da Virgem Maria sempre foi solicitado pelo Magistério e incentivado para que o povo cristão o faça, principalmente nos momentos mais difíceis e dramáticos da história, com as guerras e males que afligem a todos. O Papa Paulo VI, na Carta Encíclica Mense Maio (1965), assinala que o mês de maio “é um mês em que, nos templos e entre as paredes domésticas, sobe dos corações dos cristãos até Maria a homenagem mais ardente e afetuosa da prece e da veneração. E é também o mês em que mais copiosos e mais abundantes descem até nós, do seu trono, os dons da misericórdia divina”. Normalmente, encerra-se o mês de maio com a coroação da Virgem Maria.
Que cada um possa aproveitar o mês de Maio Mariano para intensificar as orações e solicitar com fervor, a intercessão da Virgem Maria, junto a Jesus Cristo, as graças que o mundo necessita, principalmente a PAZ, neste momento em que várias guerras e perseguições violentam a dignidade do ser humano, criado à imagem e semelhança do próprio Deus.
Virgem Mãe de Deus socorrei a cada um em suas necessidades e mostrai o caminho no seguimento do vosso Filho Jesus!
Profª Drª Maria Suzana F. A. Macedo
Especialista em Mariologia
Associada da Academia Marial de Aparecida
Fonte: DE FIORES, Stefano; MEO, Salvatore (Dir.). Dicionário de Mariologia. São Paulo: Paulus, 1995.