Institucional
17.11.2024
34º Domingo do Tempo Comum – Jesus Cristo, Rei do Universo
Oração: “Deus eterno e todo-poderoso, que dispusestes restaurar todas as coisas no vosso amado Filho, Rei do universo, fazei que todas as criaturas, libertas da escravidão e servindo à vossa majestade, vos glorifiquem eternamente”.
Primeira leitura: Dn 7,13-14
Seu poder é um poder eterno.
Os profetas preocupavam-se, sobretudo, com o momento presente, pregavam em nome de Deus a conversão e a renovação moral e religiosa dos ouvintes. Daniel, ao contrário, é um livro apocalíptico, preocupado mais com o futuro. Procura desvendar o plano futuro de Deus, a fim de dar conforto ao povo em meio aos sofrimentos do presente. A linguagem é cheia de símbolos e visões (capítulos 7 a 12), que só os iniciados podiam entender. Uma linguagem cifrada para tempos de perseguição. As visões noturnas começam em Dn 7,2 e o texto escolhido para hoje é a sexta visão. Na visão noturna, Daniel vê entre as nuvens alguém vindo como se fosse filho de homem, isto é, um ser humano. Ele o vê sendo apresentado a um Ancião e recebendo dele poder, glória e realeza. Povos e nações de todas as línguas o servem. Em seu livro o autor descreve como os reinos deste mundo são frágeis e passageiros, sucedendo-se uns aos outros. O reino que este filho de homem recebe, porém, será eterno e seu reino nunca acabará. Os reis deste mundo governam, mas quem dirige a história é Deus (2ª leitura e evangelho).
Salmo responsorial: Sl 92
Deus é Rei e se vestiu de majestade, glória ao Senhor!
Segunda leitura: Ap 1,5-8
O soberano dos reis da terra fez de nós um reino,
sacerdotes para seu Deus e Pai.
O texto faz parte da saudação às sete igrejas da Ásia Menor que representam todas as comunidades cristãs espalhadas pelo Império Romano. A saudação serve como introdução ao Apocalipse e traz em síntese o que será desenvolvido ao longo do livro. Jesus Cristo é qualificado como “a Testemunha Fiel”, “o Primeiro e ressuscitar dentre os mortos” (Primogênito dos mortos) e “o Soberano dos reis da Terra”. São os três atributos que indicam o Filho de Deus encarnado, em sua ação salvífica aqui na terra. São o tríplice nome do Filho de Deus no livro do Apocalipse. Como “testemunha fiel”, Jesus veio implantar aqui na terra o reino de Deus Pai, um reino baseado sobre o poder da verdade e do amor. Logo em seguida é especificada a obra redentora de Jesus: Ele nos ama porque derramou por nós seu sangue na cruz e nos libertou dos pecados. Ele fez de nós um reino de sacerdotes (ver o prefácio de hoje), servidores de Deus Pai. Quem tem um reino é rei, e merece reinar com glória e poder por toda a eternidade. Os imperadores romanos eram sujeitos à morte, ao passo que o reinado de Jesus Cristo, Filho de Deus, dura para sempre. Sem dúvida, uma mensagem de conforto e esperança para os cristãos perseguidos. O vidente vê Jesus vindo entre as nuvens do céu, com poder e glória, “para julgar os vivos e os mortos” (Credo). Tanto os judeus que o traspassaram na cruz, como todos povos da terra o verão e baterão em seus peitos, arrependidos. Por fim, Deus se apresenta: “Eu sou o Alfa e o Ômega” (A e Z) – Deus é o princípio e o fim de tudo; “aquele que é, que era e que vem” – é o nome de Deus no Apocalipse; “o Todo-poderoso” – título que compete somente ao Deus Trindade dos cristãos, pois o poder dos governantes deste mundo é passageiro.
Aclamação ao Evangelho: Mc 11,9.10
É bendito aquele que vem vindo, que vem vindo em nome do Senhor,
e o Reino que vem, seja bendito, ao que vem e a seu Reino, o louvor!
Evangelho: Jo 18,33b-37
Tu o dizes: eu sou rei.
O evangelho traz uma parte do interrogatório a que Jesus é submetido diante de Pilatos. No evangelho de João Jesus não é condenado pelo Sinédrio. Apenas o sumo-sacerdote Caifás interroga brevemente a Jesus sobre sua doutrina e, depois, o encaminha ao tribunal romano (Jo 18,19-28). O interrogatório e a acusação acontecem diante de Pilatos.
Quando Jesus é entregue a Pilatos, este lhes pergunta sobre a acusação. Eles não haviam formulado nenhuma acusação concreta e disseram: “Se este homem não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti” (18,30). Pilatos não se intrometia nos assuntos religiosos internos dos judeus. Devia zelar pelos interesses políticos dos romanos. Por isso pergunta a Jesus: “Tu és o rei dos judeus”? Pelos outros evangelhos sabemos da expectativa da vinda próxima do Messias, filho de Davi. Portanto uma figura real que expulsaria os romanos haveria de purificar o culto no Templo. Pilatos queria saber por quê o povo e os sumos sacerdotes lhe entregaram Jesus. Então pergunta: “O que fizeste”? Na resposta Jesus abre o jogo: “O meu reino não é deste mundo”. Se o fosse, meus discípulos lutariam para não ser entregue aos judeus. Interrogado se era rei de fato, Jesus responde: “Eu sou rei”. E logo explica em que sentido é rei: “Eu nasci e vim ao mundo para dar testemunho da verdade” (2ª leitura). A verdade testemunhada por Jesus é que Deus é Amor (Jo 13,1; 14,21). Jesus é o caminho, a verdade e a vida, que nos conduz a este Amor. Na ressurreição do último dia, Cristo entregará o reino a Deus Pai (1Cor 15,24). Então Deus será tudo em todos e nós estaremos com Deus.
FREI LUDOVICO GARMUS, OFM