Institucional

12.01.2024
2º Domingo do Tempo Comum
Oração: “Deus eterno e todo-poderoso, que governais o céu e a terra, escutai com bondade as preces do vosso povo e dai ao nosso tempo a vossa paz”.
Primeira leitura: 1Sm 3,3b-10.19
Fala, Senhor, que teu servo escuta.
Após a festa do Batismo do Senhor retomamos os domingos do Tempo Comum. A leitura de hoje fala da vocação/missão do profeta Samuel (Evangelho). Seus pais, Elcana e Ana, eram estéreis. Por ocasião de uma visita ao santuário de Javé em Silo, Ana prostra-se diante do Senhor, suplica entre lágrimas e faz uma promessa: Se me deres um filho homem “eu o entregarei ao Senhor por toda a vida”. Deus atendeu sua súplica, e Ana deu à luz a Samuel. Depois de desmamado, Samuel foi entregue aos cuidados do sacerdote Eli, para servir ao Senhor como um futuro sacerdote (1Sm 1,1-28). A primeira leitura de hoje nos fala da vocação de Samuel para ser profeta. Samuel morava com o sacerdote Eli como uma espécie de aprendiz ou “coroinha” do sacerdote. Numa das noites, enquanto dormia perto da arca da aliança, lugar onde Deus se encontrava com seu povo (cf. Ex 29,42-43), Samuel é despertado três vezes por uma voz misteriosa: “Samuel, Samuel”! A cada chamado, o menino ia até o sacerdote Eli, e dizia: “Tu me chamaste, aqui estou”! Mas Samuel não o tinha chamado e mandava Samuel dormir. Na terceira vez, entendendo que era o Senhor que chamava o menino, Eli disse: “Volta a deitar-te e, se alguém te chamar, responderás: Fala, Senhor, que teu servo escuta”! Foi o que Samuel fez. O texto conclui: “Samuel crescia, e o Senhor estava com ele. E não deixava cair por terra nenhuma de suas palavras”. Na resposta de Samuel ele mesmo se define: é um servo que escuta a Deus e escuta os sofrimentos e angústias do povo de Israel. Por isso, “não deixava cair por terra nenhuma de suas palavras”.
Deus tem um plano a respeito de cada um de nós. Descobrir a própria vocação é descobrir o plano divino a nosso respeito. Por isso, precisamos estar sempre atentos à voz de Deus; fazer silêncio a fim de poder ouvi-lo falar.
Salmo responsorial: Sl 39
Eu disse: “Eis que venho, Senhor”! Com prazer faço a vossa vontade.
Segunda leitura: 1Cor 6,13c-15a.17-20
Vossos corpos são membros de Cristo.
Corinto era uma cidade grega localizada no istmo de Corinto, a noroeste do Peloponeso. Sua fundação remonta ao séc. VII a.C. Foi destruída em 146 a.C. pelos romanos e reconstruída também por eles em 44 a.C. Dispunha de dois portos, um no lado oriental voltado para Atenas, no Mar Egeu; outro do lado ocidental, no Mar Adriático, voltado para a Itália. Era uma cidade cosmopolita, famosa pela prática da prostituição, no templo de Afrodite. Os diferentes povos ali presentes possuíam seus santuários e os judeus tinham uma sinagoga. Paulo fundou a comunidade de Corinto e conhecia as tentações a que eram submetidos os pagãos recém convertidos a Cristo. Na exortação que hoje lemos o apóstolo está preocupado em afastar os cristãos da prostituição. Fala a respeito de dois corpos: a Igreja/comunidade que forma um só corpo em Cristo, e o corpo de cada fiel, membro do corpo de Cristo. A palavra corpo ocorre sete vezes nesta exortação. Resumindo: 1. O corpo do cristão é membro do corpo de Cristo e quem se une com uma prostituta ofende o seu corpo e o de Cristo; 2. O corpo é para a ressurreição; 3. O corpo é santuário do Espírito Santo; 4. Recebemos de Deus nosso corpo e com ele devemos glorificá-lo. Em outras palavras, o ser humano é mais do que simplesmente um corpo que tem alma. É morada do Espírito Santo, destinado a glorificar a Deus nesta vida e a participar da glória de Cristo pela ressurreição. Por isso Paulo diz: “Fostes comprados, e por preço muito alto (a morte de Cristo). Então glorificai a Deus com o vosso corpo”.
Aclamação ao Evangelho
Encontramos o Messias, Jesus Cristo, de graça e verdade ele é pleno; de sua imensa riqueza, graças sem fim recebemos.
Evangelho: Jo 1,35-42
Foram ver onde Jesus morava e permaneceram com ele.
A primeira leitura fala da vocação de Samuel para ser profeta. A segunda leitura trata da vocação do cristão a ser morada do Espírito Santo. O Evangelho fala da vocação dos primeiros discípulos de Jesus, na perspectiva do evangelista João. João Batista dizia: Eu não sou o messias; sou apenas a voz que clama no deserto “endireitai o caminho do Senhor”. João tinha discípulos que o seguiam, porque pensavam que ele era o Messias esperado. No outro dia, depois de ter batizado Jesus, João estava com dois de seus discípulos. Vendo Jesus passar, João lhes disse: “Eis o cordeiro de Deus”. E os dois seguiram a Jesus. Jesus percebeu que o seguiam e lhes perguntou: “O que estais procurando?” Eles responderam: “Mestre, onde moras?” E Jesus respondeu: “Vinde ver”. E os dois discípulos ficaram com Jesus aquele fim de tarde. André era um dos discípulos e logo foi contar a seu irmão Simão Pedro e o apresentou a Jesus. Eis o processo de uma vocação: procurar o messias; ver a Jesus, ouvir o anúncio de João, ouvir a pergunta de quem está sendo procurado, aceitar seu convite e permanecer com Jesus para conhecê-lo melhor. Depois de conhecer a pessoa que se procura, convidar outros a conhecê-la como fez André. Era assim que os cristãos agiam uns 60 anos depois da morte e ressurreição de Jesus.
FREI LUDOVICO GARMUS, OFM