Institucional

10.05.2018
Foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus.
Domingo da Ascensão, ano B2018
Oração: “Ó Deus todo-poderoso, a ascensão do vosso Filho já é nossa vitória. Fazei-nos exultar de alegria e fervorosa ação de graças, pois, como membros de seu corpo, somos chamados na esperança a participar da sua glória”.
Leitura: At 1,1-11
Foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus.
Lucas escreveu dois livros: o Evangelho e os Atos dos Apóstolos. Nestes livros ele divide a história da salvação em três tempos: a) o tempo da promessa, que é o tempo do Antigo Testamento até o final da atividade de João Batista; b) o tempo da realização da promessa, que é a vida pública de Jesus, desde o batismo de João Batista, quando Jesus é ungido pelo Espírito Santo, até a Ascensão ao céu; c) o tempo da Igreja, que se inicia com o dom do Espírito Santo. No trecho da Palavra de Deus que hoje proclamamos Lucas lembra seu primeiro livro, em que mostrou “tudo o que Jesus começou a fazer e ensinar”, isto é, desde o batismo de Jesus até o dia em que ele “foi elevado ao alto”. Mas, esta frase também sugere que, no segundo livro, o dos Atos dos Apóstolos, vai falar daquilo que a Igreja, movida pela força do Espírito Santo, continuou “a fazer e a ensinar”.
O tempo da Igreja é inaugurado pelo próprio Jesus Ressuscitado, que durante quarenta dias instrui os apóstolos sobre as “coisas referentes ao Reino de Deus”. Entre elas, Jesus tinha recomendado que eles não se afastem de Jerusalém, até que tivessem recebido o Espírito Santo. Mas, alguns ainda lhe perguntavam: “Senhor, é agora que vais restabelecer o reino de Israel?” Em vez do reino de Israel, Jesus lhes traçou o programa do anúncio do Reino de Deus (missão), depois que tivessem recebido o Espírito Santo: “Sereis minhas testemunhas em Jerusalém, na Judeia e na Samaria, até os confins da terra”.
E, enquanto os apóstolos estavam fitando os céus para onde Jesus se afastava, dois anjos lhes apareceram e lhes disseram: “Por que ficais aqui parados, olhando para o céu?”
Este é um chamado de volta à realidade do dia-a-dia. Jesus vai voltar um dia, sim, mas, agora, é o momento de cumprir a ordem de executar a missão delineada por ele: Com a força do Espírito Santo, os apóstolos devem ser testemunhas do Ressuscitado, em Jerusalém, na Judeia e na Samaria, até os confins da terra.
O Papa Francisco nos pede para não ficarmos parados, esperando a vinda do Senhor no fim dos tempos, mas nos desafia a sermos uma Igreja em saída.
Segunda leitura: Ef 1,17-23
E o fez sentar-se à sua direita nos céus.
O Apóstolo nos convida a abrirmos o coração, para sabermos qual a esperança que o chamado divino nos dá, qual a riqueza de nossa herança com os santos e que imenso poder Deus exerce naqueles que nele Crêem. A força do Espírito Santo derramado em nosso coração é que nos envia em missão. O Espírito Santo é a força de Cristo, que o Pai “ressuscitou dos mortos e o fez sentar-se à sua direita nos céus”. O triunfo de Cristo, a Cabeça, é também o triunfo dos fiéis, que são “membros de seu corpo” (Oração).
Evangelho: Mc 16,15-20
Foi levado ao céu e sentou-se à direita de Deus.
“Porque ficais aqui, parados, olhando para o céu?”
“Ide pelo mundo inteiro e anunciai o evangelho a toda criatura!”
Nos manuscritos mais antigos, o Evangelho atribuído a Marcos termina em 16,8: na manhã do primeiro dia da semana, as mulheres visitam o túmulo e encontram-no aberto. Um anjo lhes explica que Jesus não estava mais ali, porque havia ressuscitado. O anjo, então, lhes ordena que avisem aos discípulos e a Pedro sobre o ocorrido e que devem ir à Galileia, onde verão o Ressuscitado. Mas elas fogem apavoradas sem dizer nada a ninguém. Este era o final original de Marcos, como consta nos códices manuscritos mais antigos. A síntese dos relatos sobre as aparições do Ressuscitado (v. 9-14), o relato da missão dada aos apóstolos e a ascensão de Jesus ao céu (v. 15-20), hoje proclamado, são tardios. Foram acrescentados mais tarde (II séc.), valendo-se das narrativas de outros evangelhos, sobretudo, de João e de Lucas.
O autor deste acréscimo lembra a aparição de Jesus a Maria Madalena, mas os discípulos não lhe dão crédito. O mesmo acontece quando os discípulos de Emaús lhes contam que tinham visto Jesus ressuscitado. A insistência na incredulidade dos discípulos é uma advertência a nós que somos convidados para crermos nas testemunhas da ressurreição, sem que tenhamos visto pessoalmente o Senhor (cf. Jo 20,25.29). Como em Mt 20,16-20, Jesus repreende a incredulidade dos onze; mesmo assim, os envia em missão: “Ide por todo o mundo, proclamai o Evangelho a toda criatura”. O autor aponta como caminho da salvação a fé em Jesus Cristo e o batismo, e relata que Jesus confere aos apóstolos o poder de fazer milagres. Por fim, lembra a ascensão de Jesus ao céu e narra como os discípulos cumpriram sua missão, com a assistência do Senhor, que confirmava a Palavra anunciada com milagres. O autor não fala diretamente do Espírito Santo, mas supõe sua ação permanente na missão da Igreja. A ascensão de Jesus ao céu marca o fim de sua missão aqui na terra e o começo da missão de seus discípulos (cf. Elias e Eliseu: 2Rs 2,9-18). “Por que ficais aqui, parados, olhando o céu?” – perguntavam os anjos aos apóstolos.
Sejamos uma Igreja em saída, nos diz o Papa Francisco.
Frei Ludovico Garmus, OFM?