Institucional

01.03.2018
"Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei".
3º Domingo do Quaresma, ano B
Oração: “Ó Deus, fonte de toda misericórdia e de toda bondade, vós nos indicastes o jejum, a esmola e a oração como remédio contra o pecado. Acolhei a confissão da nossa fraqueza para que, humilhados pela consciência de nossas faltas, sejamos confortados pela vossa misericórdia”.
Primeira leitura: Ex 20,1-3.7-8.12-17
A Lei foi dada por Moisés.
A Bíblia Depois da espetacular passagem pelo mar Vermelho, os hebreus são guiados por Moisés, enfrentam vários perigos (inimigos, falta de água e comida) e chegam aos pés do Monte Sinai. Ali se celebra a Aliança de Israel com Deus, que exige a observância de mandamentos, para Ele ser o Deus de Israel e eles, o seu povo. Logo no início Deus se apresenta como Aquele que libertou seu povo da escravidão do Egito. Os mandamentos, portanto, visam preservar a liberdade, para que Israel nunca mais volte a ser um povo de escravos, mas sirva, adore e ame unicamente o Deus libertador. O 1º mandamento se restringe ao v. 3, que é uma afirmação do monoteísmo, no meio de uma civilização politeísta. O que seria o 2º mandamento original, os v. 4-6, foram omitidos na catequese do cristianismo, por motivos práticos; referem-se à proibição de fazer e adorar imagens de outros deuses. Já que Deus é um só, não existem outros deuses e suas imagens nada mais representam. Os v. 9-11 também foram omitidos, pois apenas especificam o mandamento do sábado (v. 8). Por sua vez, o 10º mandamento foi subdividido em dois: não desejar a mulher do próximo (adultério), nem cobiçar os bens do próximo. Esta divisão já aparece em Dt 5,21. Por isso, no Catecismo da Igreja Católica, o v. 14 (não cometer adultério) foi mudado para “não pecar contra a castidade”. Os três primeiros mandamentos falam da nossa relação com Deus. Jesus resume os três primeiros mandamentos num único, o maior e primeiro mandamento: “Amarás o Senhor teu Deus com todo o coração…”; os outros mandamentos compõem o segundo: “Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22,36-40).
Salmo responsorial: Sl 18
Senhor, tens palavras de vida eterna.
Segunda leitura: 1Cor 1,22-23
Pregamos Cristo crucificado, escândalo para os homens;
mas para os chamados, sabedoria de Deus.
A presença de Paulo em Atenas chamou a atenção dos sábios do Areópago, que o convidaram para que lhes falasse mais sobre Jesus e a ressurreição, pensando que ia anunciar uma nova divindade. Mas quando lhes fala de um Deus encarnado, que morre e ressuscita, rejeitam sua pregação. Por isso, ao chegar a Corinto, Paulo está mais convencido ainda que o diferencial de sua pregação é a sabedoria da cruz. Por isso continua com fervor a anunciar a sabedoria de Deus, que é Cristo crucificado, tanto aos judeus, que “pedem sinais milagrosos”, como para os gregos, “que procuram sabedoria”. A fé na ressurreição não pode ser separada da Cruz de Cristo.
Aclamação ao Evangelho
Glória e louvor a vós, ó Cristo.
Tanto Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único:
Quem nele crer terá a vida eterna.
Evangelho: Jo 2,13-25
Destruí este templo, e em três dias eu o levantarei.
Quando João escreve seu evangelho, o Templo já tinha sido destruído. Talvez por isso, João coloca logo no início de seu evangelho a cena da expulsão dos vendilhões do Templo, que os outros evangelistas situam após a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém. O tema central de hoje é a adoração de Deus, “em espírito e verdade”, no Cristo morto e ressuscitado. O tema já é preparado quando Jesus chama Natanael, que se espanta por tê-lo visto debaixo da figueira. Jesus então diz: “Na verdade eu vos digo: vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do homem” (Jo 1,51). O lugar privilegiado para o encontro com Deus não será mais o Templo e, sim, Jesus, “o Filho único do Pai”, “a Palavra que se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Antecipando a destruição do Templo, com chicote na mão, Jesus expulsa todos, junto com bois, ovelhas, pombas e cambistas, dizendo: “Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio”. O que importa para a verdadeira adoração – diz Jesus à Samaritana – não é este ou aquele templo, “porque os verdadeiros adoradores hão de adorar o Pai em espírito e verdade; são estes os adoradores que o Pai deseja” (Jo 4,23). Quando os judeus questionam sobre o seu gesto e lhe perguntam: “que sinal nos mostras para agir assim”, Jesus aponta sua futura morte e ressurreição: “Destruí este Templo, e em três dias eu o levantarei”. Depois da sua ressurreição os discípulos entenderam que Jesus estava falando do Templo do seu corpo. Paulo lembra que o corpo de cada pessoa que crê em Jesus – e a própria comunidade cristã – são um templo vivo, onde Deus gosta de morar (1Cor 6,15-20; 12,12-30; Jo 14,23).
No contexto da CF “Fraternidade e violência”, convém lembrar que Jesus foi vítima da violência humana, como milhões de pessoas que hoje sofrem, são vítimas de nossa sociedade corrupta e injusta.
Frei Ludovico Garmus, OFM?