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VISITA TÉCNICA E HISTÓRICA AO CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO NO RIO DE JANEIRO MARCA OS PREPARATIVOS PARA CONGRESSO FRANCISCANO

13.06.2025
Notícias

VISITA TÉCNICA E HISTÓRICA AO CONVENTO DE SANTO ANTÔNIO NO RIO DE JANEIRO MARCA OS PREPARATIVOS PARA CONGRESSO FRANCISCANO

No dia 05 de junho alguns integrantes da equipe que organiza o Congresso Franciscano em celebração pelos 350 anos da Fundação da Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, deslocaram-se até o Convento Santo Antônio, no Largo da Carioca, coração da Cidade Maravilhosa, para uma visita técnica ao local que, entre 24 e 26 de setembro, vai sediar o Congresso. Os técnicos responsáveis pela logística de transmissão, TI, etc, também participaram da visita. Foram avaliados todos os espaços onde ocorrerão as atividades do Congresso, desde as palestras, na Sala do Capítulo, local para o café, recepção e credenciamento, transmissão online, e as salas onde acontecerão as Comunicações. 


Um dos pontos centrais da visita foi a verificação da infraestrutura de transmissão ao vivo, que será essencial para a realização híbrida do evento. Afinal, trata-se de um prédio com mais de 400 anos de existência, com paredes com mais de um metro e meio de espessura. Foi avaliada a qualidade da internet, pontos de energia e logística de gravação e transmissão, a fim de garantir que o público remoto tenha uma experiência de qualidade.


A visita, no entanto, foi além da parte técnica. O grupo teve a oportunidade de explorar o lado histórico e cultural do convento. Guiados gentilmente pelo Frei Róger Brunorio, profundo conhecedor da história daquela casa, e por Frei Sandro, Diretor do ITF, doutor em História, professor de História da Ordem Franciscana no Brasil, o passeio revelou preciosidades.


Visitou-se a emblemática “Sala do Fico”, local que, segundo a tradição, teria sediado as reuniões do Príncipe Regente Pedro I com Frei Sampaio, o “Prócer da Independência”, que resultou na elaboração da famosa declaração de Dom Pedro — “Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, diga ao povo que fico”. Embora o evento oficialmente tenha ocorrido no Paço Imperial, há registros que apontam o convento como um dos espaços de deliberação política da época, dada a forte influência da Igreja nas decisões do Império (cf. Fausto, Boris. História do Brasil, Edusp, 2006).


O percurso revelou verdadeiras surpresas: galerias de arte sacra espalhadas pelos corredores, a Capela dos Três Corações, que abriga inúmeras relíquias, concluindo com uma rápida visita à biblioteca do convento. Atualmente em obras, a biblioteca preserva um acervo de documentos que constitui um patrimônio bibliográfico ímpar, testemunho vivo da história colonial brasileira.


O agradável tour histórico-cultural concluiu-se de modo bem franciscano: em torno à mesa, no refeitório dos frades, encerrando a visita com o almoço, num momento de agradável convívio fraterno, que reforçou o espírito acolhedor da Ordem Franciscana.


Na parte da tarde a equipe visitou a Igreja de São Francisco da Penitência, situada ao lado da Igreja de Santo Antônio. Guiados novamente por Frei Sandro, a experiência ganhou ainda mais riqueza com explicações detalhadas sobre a história e a arquitetura do local. A igreja, cuja construção teve início em 1657, é um marco do barroco no Brasil. Seu interior, completamente revestido de talha dourada, é considerado um dos mais belos exemplares da arte colonial brasileira. O edifício foi tombado em 1938, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), e representa “uma síntese do espírito barroco-lusitano tropical”. Do alto do “Morro de Santo Antônio” foi possível vislumbrar um pouca da história da cidade do Rio de Janeiro, cujo núcleo urbano se formou no entorno da colina onde hoje se encontra todo o rico complexo arquitetônico. Esse ponto alto da cidade foi estratégico tanto militarmente quanto espiritualmente desde o século XVI. A visita ao convento foi finalizada com uma passada na portaria, onde foi possível adquirir o tradicional pão de Santo Antônio — uma iguaria local e símbolo de devoção. 


Na viagem de regresso, a equipe teve a oportunidade de fazer mais um tour histórico-cultural. Frei Sandro entrou em contato com o Capelão do Exército, Padre Lindemberg, e este, muito solicitamente, facilitou a visita à Igreja de Bom Jesus da Coluna, na Ilha do Bom Jesus (Fundão), na baía da Guanabara. A Igreja, hoje intitulada Santuário Militar Bom Jesus da Coluna, encontra-se em área militar. O templo, muito bem preservado, situado numa aprazível colina em meio ao verde, tendo o mar aos seus pés, é o único edifício que restou daquele que um dia foi um convento franciscano. 


Construído entre fins do século XVII e inícios do século XVIII, o Convento foi habitado desde 1705. Pensado originalmente para acolher os frades doentes e convalescentes, ali funcionou, em diferentes épocas, estudos de Filosofia, de Teologia e o noviciado franciscano. O rei D. João VI, com a família e todo o séquito real, costumava visitar os frades por ocasião da festa de São Francisco. Depois, ficava alguns dias na ilha. No século XIX, com a decadência das Ordens religiosas no Brasil, serviu, entre 1823 e 1833, de “lazareto” (hospital para hansenianos), foi requisitado para acolher doentes de febre amarela, de cólera, aquartelamento de soldados, e até uma Congregação religiosa feminina (Irmãs do Imaculado Coração de Maria) ali se instalou. Finalmente, em 1869 foi construído, aos pés do convento, o Asilo dos Inválidos da Pátria, para os soldados que retornavam da Guerra do Paraguai. O outrora imponente edifício, hoje em ruínas, foi inspirado no Hotêl Des Invalides, construção francesa de Luís XIV, em Paris, para acolher os soldados feridos e inválidos. Em 1875 a Ilha do Bom Jesus, com o que restava do antigo convento, incluindo a Igreja, foi comprada pelo Governo Imperial. 


O grupo pôde visitar a Igreja e parte dos corredores e outros espaços que sobraram do antigo convento. A capela, com seu belo altar mor, conserva algumas imagens de inestimável valor, testemunhas eloquentes de tempos gloriosos: a belíssima imagem do padroeiro, o Bom Jesus da Coluna, duas imagens barrocas da Imaculada Conceição, uma das quais teria sido levada pelos soldados que participaram da Guerra do Paraguai. Há ainda uma imagem barroca de São Francisco, outra de Santo Antônio, e uma de São Benedito. A tríade franciscana, a evocar, silenciosamente, os áureos tempos em que, naquele vetusto templo, eram elevados aos céus os louvores de noviços, de frades convalescentes, de doentes em busca de cura para o corpo e para a alma. 


A visita ao Convento de Santo Antônio e seu entorno não apenas serviu para avançar nos preparativos para o Congresso Franciscano, mas também proporcionou um mergulho na história viva do Rio de Janeiro — uma cidade moldada, em grande parte, pelos caminhos da fé, pela presença franciscana, e pela arte, cultura e ciência. 


Bernardo Luiz Reis Ferreira
Frei Sandro Roberto da Costa, ofm

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