Institucional



10.02.2021
Liturgia

6º Domingo do Tempo Comum

 Oração: “Ó Deus, que prometestes permanecer nos corações sinceros e retos, dai-nos, por vossa graça, viver de tal modo, que possais habitar em nós”.


Primeira leitura: Lv 13,1-2.44-46
O leproso deve ficar isolado e morar fora do acampamento.
O livro do Levítico reserva dois capítulos (Lv 13–14) para tratar da “lepra”, doença que nem sempre era a nossa conhecida hanseníase, mas incluía qualquer doença da pele. Hoje a hanseníase é tratável e curável. Nos tempos bíblicos, a pessoa suspeita de ter contraído “lepra” era submetida e rigorosos exames feitos pelos sacerdotes. Uma vez “confirmada” a doença, a pessoa era segregada do convívio familiar e da comunidade. Se tivesse que entrar ou passar por um núcleo habitacional, devia avisar por meio de algum ruído ou gritar “impuro! Impuro”! Em caso de ter sido curada a doença de pele, o paciente devia reapresentar-se aos sacerdotes e passava por novos exames que comprovassem a cura e, por meio de ritos e sacrifícios, era readmitido ao convício da família e da comunidade. Havia, portanto, cuidado com os “leprosos” por motivos sanitários e religiosos. Hoje, pensamos logo nos preconceitos de origem racial, social, religiosa e ideológica, talvez até maiores do que os preconceitos contra hansenianos e portadores do HIV etc. 
Salmo responsorial: Sl 31
Sois, Senhor, para mim, alegria e refúgio.


Segunda leitura: 1Cor 10,31–11,1
Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo.
A linda exortação de Paulo conclui as respostas que Paulo dá às perguntas que os cristãos de Corinto lhe faziam: pode-se participar ou não de banquetes religiosos pagãos, que eram também festas civis (1Cor 8)); pode-se comer carnes de animais sacrificados aos ídolos e vendidas no mercado (1Cor 10,23-30). Paulo estabelece dois princípios: como os ídolos não existem, o cristão é livre de comer ou não tal carne; mas nunca deve escandalizar um cristão que pensa diferente, que têm “consciência fraca”. E estabelece um princípio geral: “Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus”. Isso não acontecerá se, com minha liberdade, escandalizo o meu irmão. Paulo apresenta-se como exemplo: em tudo o que faz não procura o bem próprio, mas o dos outros, para que todos sejam salvos.


Aclamação ao Evangelho
  Um grande profeta surgiu, surgiu e entre nós se mostrou:
            É Deus que seu povo visita, seu povo, meu Deus visitou!
Evangelho: Mc 1,40-45
A lepra desapareceu e o homem ficou curado.
Em Israel, quem sofria de “lepra” era duplamente discriminado: pela própria doença e pela exclusão da comunidade prevista pela Lei (1ª leitura). Quando possível, os leprosos viviam em grupos (cf. Lc 17,11-19) e eram alimentados pelos parentes ou por pessoas bondosas. Ninguém podia tocá-los para não se tornar “impuro”. Portanto eram vítimas de sofriam dura discriminação.
Ao aproximar-se de Jesus, o leproso transgride a Lei. Não suportava mais o isolamento e a exclusão. Queria ser reintegrado na família e na comunidade. Mas, para isso devia provar que estava curado, como exigia a Lei. Tinha, porém, uma profunda confiança em Jesus, que possuía o poder de curá-lo. Por isso, ajoelhado aos pés de Jesus, lhe suplica: “Se queres, tens o poder de curar-me”. O leproso deu o primeiro passo, transgredindo a Lei. Jesus, por sua vez, também transgrede a Lei para usar de seu poder de curar o leproso. Movido pela compaixão, Jesus toca o leproso com a mão (gesto proibido) e transforma em realidade o desejo do leproso: “Eu quero, fica curado”! Jesus, porém, proíbe-lhe de fazer propaganda. A proibição faz parte do “segredo messiânico” de Marcos, pois o Cristo vai se revelando aos poucos e, plenamente, apenas pela cruz e a ressurreição. Ao mesmo tempo, Jesus ordena que o leproso curado se apresente aos sacerdotes, conforme o exigido pela Lei. Somente eles podiam reconhecer oficialmente a cura e readmitir a pessoa no seio da família e da comunidade. Mas o fato de o leproso curado retornar à comunidade, tornou sem efeito a proibição de não divulgar a cura. Todo mundo ficou sabendo do fato milagroso. Jesus, porém, procura retirar-se para lugares desertos. Mesmo assim, o povo o procurava.
A palavra do leproso “se queres” e a resposta de Jesus “quero” são um convite a rever as atitudes de discriminação e exclusão que praticamos, às vezes, sem o perceber. Por outro lado, na pandemia do coronavírus fomos forçados ao isolamento social para evitar o contágio e preservar a vida de outras pessoas. A pandemia tornou insustentável a escandalosa desigualdade entre uma minoria de ricos e a imensa maioria de pobres e excluídos. Deus quer que todos tenham uma vida mais saudável sob o ponto de vista físico, social e espiritual. Cabe a nós querermos o que Deus quer: “Eu vim para que tenham vida em abundância” (Jo 10,10).

FREI LUDOVICO GARMUS, OFM, é professor de Exegese Bíblica do Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ). Fez mestrado em Sagrada Escritura, em Roma, e doutorado em Teologia Bíblica pelo Studium Biblicum Franciscanum de Jerusalém, do Pontifício Ateneu Antoniano. É diretor industrial da Editora Vozes e editor da Revista “Estudos Bíblicos”, editada pela Vozes. Entre seus trabalhos está a coordenação geral e tradução da Bíblia Sagrada da Vozes.

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