Institucional

26º Domingo do Tempo Comum, ano C

27.09.2019
Liturgia

26º Domingo do Tempo Comum, ano C

 Oração: “Ó Deus, que mostrais vosso poder, sobretudo, no perdão e na misericórdia, derramai sempre em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais”.


1. Primeira leitura: Am 6,1a.4-7
Agora o bando dos gozadores será desfeito.

No domingo passado reportamos as críticas de Amós contra os que enriqueciam às custas dos “pobres da terra”, os camponeses. Hoje, as críticas se dirigem à classe dirigente de Israel, na capital Samaria, que vive com o fruto da exploração dos pobres. No texto, Amós critica os que vivem folgados em Samaria. Constituíam uma elite alienada, uma “sociedade consumista” que esbanjava as riquezas injustamente acumuladas, em banquetes de carnes finas, regadas com os melhores vinhos, sem importar-se com os pobres, lançados na miséria. Mais ainda. Deitados em camas de marfim e ungindo-se com preciosos perfumes importados, estavam cegos diante da situação ameaçadora da política internacional. O Império assírio já estendia seu domínio sobre o ocidente e eles não se preocupavam com a ruína, já próxima, do reino de Israel. Esse bando de gente de boa-vida, diz Amós, perderá toda a sua riqueza e será levado para o exílio. Com efeito, foi o que aconteceu anos depois, quando a Samaria foi destruída (722 a.C.), com o fim do reino de Israel.
As palavras de Amós são uma advertência para nossa sociedade capitalista, que apenas visa o lucro e o consumo. Hoje, como nos alerta o Papa Francisco na Laudato Sí, o capitalismo consumista é uma ameaça para todos, ricos e pobres. Com a exploração exacerbada dos recursos limitados da Mãe Terra, coloca-se em risco nossa “Casa Comum”, casa de todos os seres vivos por ela alimentados. É urgente uma conversão e mudança de hábitos para um uso responsável e solidário dos bens que a Mãe Terra generosamente nos dá (Evangelho).

Salmo responsorial: Sl 145
Bendize, minha alma, e louva ao Senhor!


2. Segunda leitura: 1Tm 6,11-16


O texto da segunda leitura contém uma exortação a Timóteo e conclui com um hino de adoração a Deus. Pode ser considerado o testamento de Paulo ao bispo Timóteo. O verdadeiro apóstolo, antes de tudo, deve ser um “homem de Deus”, que procura viver o que prega: “a justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza e a mansidão”. Como um atleta de Cristo, deve “combater o bom combate da fé”, na esperança de conquistar a vida eterna. A profissão de fé, que Timóteo deu, acolhendo o chamado de Cristo, deve ser vivida na presença de Deus e de Cristo Jesus, que deu seu testemunho de amor, sofrendo a morte na cruz. O mandamento que Paulo exorta a guardar é a “regra de vida que vem da fé e do Evangelho”, pregado por Timóteo.

Aclamação ao Evangelho: 2Cor 8,9
Jesus Cristo, sendo rico, se fez pobre, por amor;
para que, assim, sua pobreza nos enriquecesse.


3. Evangelho: Lc 16,19-31
Tu recebeste teus bens durante a vida, e Lázaro os males; agora ele encontra aqui consolo, e tu és atormentado.

No domingo passado, na parábola do administrador infiel, Jesus ensinava aos “filhos da luz” (os cristãos) o correto uso dos bens deste mundo: “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”. E servir a Deus inclui a justa partilha dos bens com o próximo mais necessitado. Após esse ensinamento, Lucas inclui um comentário: “Os fariseus, que gostavam de dinheiro, ouviram tudo isso e zombavam dele” (Lc 16,14). Na “parábola do rico avarento e do pobre Lázaro”, hoje apresentada, os fariseus também estão presentes.
Na parábola, o rico não tem nome, enquanto o pobre se chama Lázaro, que significa Deus ajuda. De fato, na situação em que ele se encontrava, somente Deus poderia ajudá-lo. Pois, a parábola descreve a desigualdade gritante entre a vida de um rico e a de um pobre, neste mundo. Enquanto o rico vive em meio ao luxo e faz banquetes todos os dias, o pobre jaz diante de sua mansão em meio aos cães, desejoso como eles que lhe lancem algumas sobras. No entanto, recebe apenas a solidariedade dos cães, que lambem suas feridas. Quando o pobre morre, é levado pelos anjos para junto de Abraão onde é acolhido para o banquete da vida eterna. Quando rico morre, é sepultado e vai parar na morada dos mortos, ou “inferno”. Em meio aos tormentos, o rico vê ao longe Abraão e Lázaro a seu lado. Aos gritos suplica que Abraão envie até ele Lázaro, para lhe molhar com a ponta dos dedos a língua e aliviar o calor das chamas. Abraão lembra-lhe, então, que enquanto ele vivia na abundância, Lázaro morria de fome. Portanto, agora, a situação se inverteu. Se, antes, o abismo entre o rico e o pobre era superável por gestos de solidariedade, agora, tornou-se intransponível. Com a morte, o tempo de o rico ser solidário com o pobre esgotou-se de modo irreversível. O rico então suplica para que Abraão, ao menos, envie Lázaro até à terra para prevenir seus cinco irmãos (cinco livros da Lei de Moisés!), pois se converteriam e seriam libertados dos tormentos. E Abraão responde: Quem não escuta Moisés (a Lei) e os profetas não acreditará nem mesmo se um morto ressuscitar. Esse morto que ressuscitou é Jesus. Mas os fariseus, que “gostavam do dinheiro” e zombavam da palavra de Jesus, quando dizia: “não podeis servir a Deus e ao dinheiro”, também não acreditaram que Jesus tivesse ressuscitado. Se ao menos escutassem os ensinamentos de Moisés e dos profetas, poderiam também participar do banquete da vida eterna, junto com Abraão (Lc 18,18-21)!
A parábola é um espelho da sociedade injusta do tempo de Jesus, na Galileia e no Império Romano, quando Lucas escrevia seu evangelho (80 d.C.). É também um espelho da sociedade capitalista de consumo em que hoje vivemos. O consumo, que aumenta o abismo entre ricos e pobres, já ultrapassa a própria capacidade de a Mãe Terra sustentá-lo!
Como usamos os bens deste mundo? Somos solidários com os pobres e sofredores? Imitemos as ações do Deus de Jesus Cristo, que louvamos no salmo responsorial (Sl 145), onde se destacam oito ações divinas, todas em favor dos pobres e injustiçados.

Frei Ludovico Garmus, OFM

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