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O Espírito Santo vos recordará tudo o que eu vos tenho dito

23.05.2019
Artigos Liturgia

O Espírito Santo vos recordará tudo o que eu vos tenho dito

 6º Domingo da Páscoa, ano C


       Oração: “Deus todo-poderoso, dai-nos celebrar com fervor estes dias de júbilo em honra do Cristo ressuscitado, para que nossa vida corresponda sempre aos mistérios que recordamos”.


1. Primeira leitura: At 15,1-2.22-29
Decidimos, o Espírito Santo e nós, não vos impor nenhum fardo,
além das coisas indispensáveis.

Nas leituras do 5º Domingo da Páscoa ouvimos que tudo o que é novo provoca crises e divisões, mas também traz a alegria da salvação. Ao término da primeira viagem missionária, os apóstolos Paulo e Barnabé relataram o sucesso que a mensagem do Evangelho teve, sobretudo, entre os pagãos. A comunidade de Antioquia da Síria, formada por judeus e pagãos convertidos ao Cristianismo muito se alegrou com o sucesso da missão. Em Antioquia era florescente a primeira comunidade, fundada fora da Judeia por cristãos que fugiram da perseguição após o martírio do diácono Estêvão. Foi fundada por alguns dos que fugiram de Jerusalém e começaram a pregar o Evangelho apenas para os judeus; outros, porém, pregavam diretamente a outros, também aos gregos (cf. At 11,19-26). Preocupada com a novidade, a Igreja de Jerusalém enviou Barnabé a Antioquia a fim de conhecer de perto essa maneira de pregar o Evangelho diretamente aos pagãos. Barnabé, um “homem bom, cheio de Espírito Santo e de fé” (11,24), ficou encantado com a nova Igreja composta de judeus e pagãos convertidos e os animava a perseverarem firmes na fé. Depois foi buscar Saulo em Tarso e os dois permaneceram em Antioquia por um ano, instruindo “muita gente” na fé. Vendo as qualidades e o entusiasmo de Barnabé e Saulo e o sucesso da pregação do Evangelho entre os gregos, por inspiração do Espírito Santo, a Igreja de Antioquia enviou-os em missão para a região da Ásia Menor.
No domingo passado ouvimos o relato que Saulo e Barnabé fizeram em Antioquia, ao término da primeira viagem missionária. O número de cristãos em Antioquia aumentava a cada dia. Porém, a paz e a alegria da comunidade foi perturbada por alguns judeu-cristãos, provenientes da Judeia, que começaram a obrigar os gregos convertidos a se circuncidarem. Sem observar a Lei de Moisés, diziam eles, ninguém poderia ser salvo. Paulo e Barnabé, contudo, defendiam que os pagãos convertidos não precisavam tornar-se judeus para serem cristãos. A comunidade de Antioquia formou uma comissão formada, de um lado, por Paulo e Barnabé, e, de outro, por pessoas que defendiam a obrigação da lei de Moisés. A questão foi levada a Jerusalém para ser resolvida pelos apóstolos e anciãos. Os dois lados foram ouvidos e a questão foi discutida na presença dos anciãos e dos apóstolos. Na carta escreveram: “Decidimos o Espírito Santo e nós”. Foi o Espírito Santo que os levou a tomar a decisão. O “nós” inclui os apóstolos, os anciãos e os cristãos, as lideranças dos judeu-cristãos e dos cristãos gregos. O Espírito Santo conduz ao diálogo e une na mesma comunhão de amor e fé, superando as diferenças culturais. Os pagãos convertidos não foram obrigados à circuncisão. Deles pediu-se apenas, por respeito aos judeu-cristãos, que se abstivessem de carnes sacrificadas aos ídolos, do sangue, das carnes de animais sufocados e das uniões matrimoniais consideradas ilegítimas (cf. 1Cor 10,23-33). São princípios de boa convivência nas diferenças culturais daquele tempo. A boa nova de Cristo não está presa a uma cultura, mas pode encarnar-se nas mais diferentes culturas. É o amor de Deus encarnado em Cristo que nos une a todos como cristãos. Exemplo atual: o Sínodo Pan-Amazônico.

Salmo responsorial: Sl 66
Que as nações vos glorifiquem, ó Senhor,
que todas as nações vos glorifiquem!


2. Segunda leitura: Ap 21,10-14.22-23
Mostrou-me a cidade santa descendo do céu.

A visão do domingo passado anunciava o “novo céu e a nova terra”, descendo de Deus, bela como a noiva que vai ao encontro de seu noivo. E Cristo, o Cordeiro imolado, dizia: “Eis que faço novas todas as coisas”. Na leitura de hoje, um dos sete anjos convida o vidente a conhecer a noiva: “Vem! Vou mostrar-te a esposa do Cordeiro” (21,9). E descreve o esplendor da cidade santa. Na descrição da cidade recorre ao profeta Ezequiel (Ez 40-48). Os fundamentos das muralhas são os doze apóstolos que testemunharam sua fé no Cordeiro (o esposo), morto por nós e ressuscitado. Na antiga Jerusalém Deus morava no templo. Na cidade santa não haverá templo, porque o próprio Deus será o Templo. Nela se abrigarão todos os que deram testemunho de sua fé, até com a própria vida, milhões e milhões de fiéis resgatados pelo sangue do Cordeiro (Ap 7,1-17).
Deus veio morar entre nós e em cada um de nós. Encarnou-se no seio da Virgem Maria e armou sua tenda para habitar no meio de nós (Jo 1,14), a fim de introduzir-nos no Templo celeste, que é o próprio Deus (Evangelho).

Aclamação ao Evangelho: Jo 14,23
Quem me ama realmente guardará minha palavra,
e meu Pai o amará, e a ele nós viremos.


3. Evangelho: Jo 14,23-29
O Espírito Santo vos recordará tudo o que eu vos tenho dito.

No 5º Domingo da Páscoa ouvimos que a essência da vida cristã está no mandamento do amor. A medida para vivermos o amor fraterno é o exemplo de Jesus: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. Vimos que este é o testamento de Jesus a seus discípulos, antes de morrer. No Evangelho de hoje, Jesus continua falando do amor, do amor que nos une a Cristo, ao Pai e ao Espírito Santo. Portanto, do amor que nos mergulha no mistério da Santíssima Trindade. Da parte de Deus este amor é gratuito, é fiel. De nossa parte exige que guardemos sua palavra, isto é, que coloquemos em prática o mandamento do amor que Jesus nos deixou. Quando observamos o mandamento do amor a exemplo de Jesus somos introduzidos na família divina.
Depois da última ceia estava para se cumprir a “exaltação” de Jesus, isto é, sua morte, ressurreição e ascensão ao céu (próximo domingo). Por isso, Jesus fala do Espírito Santo, “que o Pai enviará em meu nome”. Cristo Jesus continuará a nos ensinar pelo Espírito Santo: “Ele vos ensinará e vos recordará tudo o que eu vos tenho dito”. Recordará e ensinará sempre de novo o mandamento do amor, a nós dado por Jesus. A paz que Jesus nos deixa vem da fé: Quando vivemos o amor a exemplo de Jesus, tornamo-nos morada da Santíssima Trindade: “Se alguém me ama – diz Jesus –, guarda minha palavra; meu Pai o amará, viremos a ele e nele faremos nossa morada” (14,23). Deus veio morar conosco: “A Palavra se fez carne”, isto é, “armou sua tenda entre nós” (Jo 1,14).
No futuro, não haverá mais templo; o próprio Deus será o Templo e acolherá todos os que vivem em seu amor, para que vivam para sempre em sua companhia (2ª leitura, v. 22). A escuta e a prática do mandamento do amor, nos coloca em comunhão com Deus.
Que o Espírito Santo, enviado a nós pelo Pai em nome de seu Filho Jesus, recorde-nos sempre o mandamento do amor. Que Ele nos ensine a descobrir quem é nosso próximo, para amá-lo como ele nos amou.

Frei Ludovico Garmus, ofm

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